Por favor, alguém me ajuda? O que isso quer dizer?
re.den.ção
substantivo feminino
1. Ato ou efeito de redimir.
2. Salvação.
3. Resgate.
4. Libertação.
5. Auxílio.
Precisei olhar no fundo dos seus olhos pra entender.
Dia 05 de março desse ano eu senti falta do Mexicano, porque eu me importo que quem eu amo venha me amar no dia do meu aniversário. Porque não me importaria os meses sem nenhum tipo de contato, essa era a chance que ele tinha de se redimir e perdeu. Aí veio o dia 11 de maio e eu quase deixei ele sem parabéns de propósito, mas as coisas se inverteram, o discurso foi confuso e eu tive medo de ter entendido tudo aquilo bem demais. Eu mudei e já faz algum tempo que sou capaz de deixar pra trás mesmo os meus melhores que não me dão valor. Embora, não sem dor. Já dei segundas chances que não levaram a lugar nenhum e sofri de novo. Bem menos, mas eu sofri, sim, eu sangro com meu coração feito de carne e cheio de amor e de mágoa. Eu sei que exagero, mas eu sou assim. O que importa é que ele veio. Não foi por mim, no fim nunca é, mas eu também nunca fui até São Carlos por ele e é quase certo que nunca irei. Só se ele pedir. A vida mudou e vê-lo uma vez por ano é tudo o que meu coração precisa, quando ele vier por qualquer motivo e sempre lembrar de mim. Não importava mesmo o que a gente fosse fazer, nunca importa onde ir quando a gente tá com amigos, qualquer lugar serve pra abraçar, rir ou chorar e se importar. Mas, no fundo eu sabia que a gente ia parar no KK, porque ir ao Brás com ele já me deixou cheia de memórias e histórias na cabeça. Eu não superei o ensino médio, eu já sabia, mas quando eu entrei no pátio eu estremeci dos pés a cabeça, deu um nó na minha garganta e eu tive muita vontade de chorar. De saudade e tristeza. Redescobrir cada pedaço do nosso lugar modificado fez um buraco dentro de mim, mas o consolo foi ver que a gente viveu o melhor. Da maneira mais egoísta. Ali ele foi estrela, até no dia em que voltou. Nosso tour foi meio escondido porque ele ainda é meio foragido, mas deu pra ver as paredes sem vida, o anfiteatro sem personalidade, os números das salas diferentes (adeus sala 25, tenho certeza que ninguém mais transa na atual sala 14), o elevador que tomou o lugar da varanda charmosa, o banheiro colorido trancado, a escada de ferro que não combina com nada, o Wilson dizendo que cada ano os alunos são piores em todos os sentidos, os bancos pintados de marrom. Mas eu também vi uns figurinos lindos em manequins pelos corredores, o chão quadriculado (cada vez mais apagado), a escada de mármore (cada vez mais desgastada), algumas pessoas totalmente fora dos padrões (como antes) ou nem tanto, o teto do terceiro andar que um dia brilhou pra nós e o canto que a gente fez xixi. Não sei qual o espírito que ronda aquele lugar hoje, o que importa é a mágica que o KK da nossa época proporcionou e que fez o que hoje somos, porque ele precisou disso para a redenção. Eu vi que ele mudou e que o impacto das minhas palavras feias e expressões esdrúxulas é outro agora. E não foi na hora do melhor hot dog do mundo (que aliás, ele exagerou), foi antes, não sei quando, mas antes. Mas, eu precisei olhar no fundo dos seus olhos pra entender. Enquanto a gente caminhou e esperou pra chegar no topo da cidade ele me contou o seu lado sobre ele mesmo que eu não sabia, não lembrava ou não pude ver. E fez sentido ele não gostar de quem foi. Mas, eu não diminuiria seus passos bonitos, seus projetos e escavações subterrâneas, rs. Meu amigo, todo mundo tem vaidade e gosta de fazer bonito. Tenho certeza de que ele se orgulha de seus projetos atuais, mesmo que eles tenham propósitos maiores do que te fazer grande. E lá, no alto dos muitos andares do Banespa (sim, o prédio vai ser sempre do Banespa) ele não sabia como agir com os cinco minutos que a gente tinha com os prédios altos pequenos, com o vento cortante e frio demais, com o horizonte cinza, com o sol que não tinha aparecido naquele dia até então e com a altura que ele teme, mesmo querendo pular de paraquedas (shit, reforma ortográfica, eu te odeio). E isso foi lindo, ele sempre teve essa inocência, mesmo quando era vaidoso e egoísta demais. Ele sempre foi bobalhota e foi isso que me cativou. É verdade que eu também gostava do maioral, mas eu me tornei amiga do cara com expressão serena que me pagou um chocolate quente porque eu acertei o peso do lustre (na verdade, cheguei mais perto). Eu não vou julgar sua redenção, ela nos deu a conversa mais profunda e franca que a gente teve nos últimos quatro anos. Até hoje eu tô pensando no assunto e numa forma de absorver e entender o que aconteceu com ele. Nunca te vi tão despido e tão disposto a responder minhas perguntas e me deixar te ler de novo. Eu acredito que você acredita no que você acredita. E que isso te faz bem e que é uma pessoa que se orgulha do que é por motivos mais certos e sinceros do que nunca. É ótimo saber que ele é uma pessoa completa e que vive uma relação de amor pleno e que tem o coração em paz. As dúvidas e os monstros que eu tinha com relação a essa mudança foram embora, acabou meu preconceito. Eu ainda não cheguei nesse nível de entendimento e equilíbrio, todo dia eu tento entender de onde viemos e pra que, mas nada ainda me deu o sentido que você vê. Espero que um dia eu possa ter a minha verdade sobre tudo e que eu possa ter tanta paz quanto ele tem. A paz que eu precisei te abraçar e olhar no fundo dos seus olhos pra entender.